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Que idade tem a menina?

Revelar ou não revelar a idade que temos é uma escolha individual que merece ser respeitada. Recentemente, numa dinâmica de contexto formativo, uma mulher de idade jovem recusou-se dizer-me os anos da sua existência. Aceitei esta decisão, como é óbvio, mas desde então que percorro obstinadamente os caminhos que levam à  ocultação da idade.

Não temos, nem devemos ser definidos pela nossa idade. Valemos o que valemos, independentemente da marca cronológica.

Quando nos comparamos com outras pessoas, somos sempre mais velhos ou mais novos. É uma questão de perspetiva.

Com 14 anos ansiamos pela liberdade dos 18, com 40 suspiramos de nostalgia pelos 20, aos 80 julgamos que não ultrapassamos os 100.

Toda a nossa vida é marcada pela idade. Entramos para a escola primária com 6 anos. Com 18 anos acabamos o liceu, atingimos a maioridade e permissão para tirar a carta de condução. Antes disso, podemos casar-nos com 16 anos com autorização dos progenitores. A partir dos 30 anos acabam-se o mundo dos estágios e bolsas. No mundo da política estes mesmos 30 são sinal de imaturidade – e na área de trabalho das novas tecnologias são o princípio do fim da inovação e criatividade.

A uma mulher “nunca se pergunta a idade” – era e ainda é uma regra de cavalheirismo.

O que me levou a ficar perplexa perante a recusa da rapariga em dizer-me a sua idade, foi o facto de ser jovem e bela e de ter ficado com um ar profundamente ofendido. Quase que a ouvia em silêncio a proferir este pensamento:

“Como é que ousas perguntar-me a idade perante um grupo de pessoas que não conheço! Lá por proclamares a tua idade a sete ventos, não podes querer que outras pessoas façam o mesmo!”

Revelar a sua idade era claramente ficar desnudada, fragilizada e vulnerável.

Apesar de todos os motivos que racionalmente me fazem aceitar esta opção, outros me levam a contestá-la…

Ocultar ou negar a idade, pode ser comparado com a possibilidade de negar a cor, a raça ou orientação sexual? É contestar a identidade – quem somos?

Verdade ou não, só sei que enquanto não assumirmos a idade, não valorizamos a vida. E esta é tudo.

Luísa Pinheiro, Co-fundadora da Cabelos Brancos

Arte urbana by Miss Bugs

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