
LANÇAMENTO DA COLEÇÃO “MULHERES ENCALORADAS”

A Associação Cabelos Brancos orgulha-se em anunciar o lançamento da segunda coleção ativista da marca “Cabelos Brancos”, com uma edição limitada de leques pintados à mão com frases descomplexadas sobre a fase da menopausa – sendo esta, uma fase tabu e estigmatizante do envelhecimento feminino.
A menopausa está associada a mitos, preconceitos e estigmas que tornam esta período desafiante, impactando as mulheres com um processo de transição rodeado de complexos e medos, perda de autoestima e identidade.
Expressões como “mulher velha, acabada, histérica, amargurada, frígida, mulher seca que já não dá filhos – menos útil e capaz”, são algumas das ofensas dirigidas às mulheres que começam a viver este período conhecido como o fim da época reprodutiva.
A coleção de leques “Mulheres Encaloradas” através de frases divertidas e descomplexadas sobre alguns dos sinais da menopausa, como os calores provocados pelos afrontamentos pretende ser também uma campanha de consciencialização e sensibilização para a desconstrução de estereótipos e estigmas associados a esta fase do envelhecimento feminino. Diminuir a invisibilidade, o silêncio e a vergonha das mulheres que vivenciam este processo é o nosso principal objetivo.
Menopausa e idadismo
O sexismo e idadismo (discriminação etária) cruzam-se em preconceitos e estereótipos, estigmas, violência e abusos, exclusão social.
Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, 1 em cada 2 pessoas a nível mundial tem comportamentos idadistas contra pessoas mais velhas. O idadismo manifesta-se em todos contextos da nossa vida, e afeta gravemente a nossa saúde: bem-estar físico, mental, social e económico.
A discriminação com base na idade também está associada a uma morte precoce, ou seja, quem é vítima de idadismo tem probabilidades de ver a sua esperança média de vida reduzida em 7,5 anos.
Muitas mulheres referem que com a chegada da menopausa começa o primeiro passo para a sua invisibilidade e declínio, o grande medo do envelhecimento feminino. O fim da era reprodutiva, a aparência, são algumas das questões que assombram as mulheres nesta transição.
O idadismo existe e as mulheres sentem-no mais do que os homens. “Muitas mulheres sentem que perdem o valor na sociedade, como se só servissem para a reprodução, como se, não podendo reproduzir-se, o resto não já não fosse importante. Há baixa de autoestima”, afirma a investigadora Helena Ferreira.
Até 2025, haverá mais de 1 bilhão de mulheres experienciando a menopausa – 12% de toda a população mundial.
Dupla discriminação: envelhecer mulher
Os investigadores revelam que os estudos do impacto combinado do sexismo com o idadismo, comprovam que as mulheres mais velhas – em relação a homens e mulheres mais jovens – sofrem um impacto negativo acrescido com múltiplas formas de discriminação. As mulheres estão frequentemente numa situação de duplo risco. Fatores como as normas patriarcais e a preocupação com a beleza e juventude têm como consequência uma deterioração mais rápida do status das mulheres mais velhas em comparação com a dos homens.
Autoestima e o Envelhecimento Feminino” é o mais recente estudo de Dove em Portugal, que procura entender como é que as mulheres portuguesas a partir dos 40 anos experienciam o avançar da idade.
“De facto, 53% das inquiridas entre os 50 e 59 anos sente-se esquecida ou fora de prazo, deparando-se com situações de competitividade com mulheres mais jovens, quer ao nível das relações profissionais quer sociais e de amizade, numa luta constante para parecer mais jovem”.
Em concreto, a faixa etária dos cinquenta é aquela que o estudo de Dove identifica como a mais fragilizada dos 40 aos 70+ anos.
É também na meia idade que a mulher ouve mais críticas depreciativas: uma em cada três é alvo de discriminação, sobretudo de amigos ou conhecidos (53% dos casos), relacionada com o seu desempenho e funções (46%), com o seu corpo (36%), e cabelos brancos ou falta de cabelo (28%).
Outra das principais conclusões do estudo “Autoestima e o Envelhecimento Feminino” é que a menopausa impacta negativamente a confiança da mulher. Prova disso é que embora só 38% das inquiridas se refira à idade como uma preocupação, esta percentagem sobe para 47% no caso das mulheres que estão a passar pela menopausa.
Além disso, a menopausa altera a autoestima e confiança das mulheres:
- 54% das mulheres que vivem a menopausa consideram que a sua autoestima está pior que há 10 anos, em comparação a 47% na pré-menopausa e 37% no pós-menopausa;
- 67% das mulheres sentem que existem poucos recursos de apoio para lidar com a menopausa; e 54% dizem que sentem que este é um tema tabu para a sociedade;
- De facto, embora só 38% das mulheres refira que a idade é uma preocupação, este número sobe para 47% no caso das mulheres que estão a passar pela menopausa;
- Principalmente entre as mulheres com 50 a 59 anos, a menopausa tem forte impacto na sua esfera emocional (61%) e na sua confiança (55%), o que impacta diretamente a autoestima destas mulheres: 40% apresenta uma baixa autoestima;
- 41% das mulheres entre os 50 e 59 anos com a menopausa já passou por episódio embaraçoso em público devido a esta condição.

A campanha fotográfica da coleção de leques “Mulheres Encaloradas” contou com a participação de várias mulheres que apoiam a causa da Cabelos Brancos, entre elas, Cátia e Ivone Lobato, (foto), mãe e filha de 48 e 77 anos. Duas gerações que não têm tabus em relação ao envelhecimento feminino.
O que é a menopausa?
Trata-se de um processo natural do envelhecimento feminino, que normalmente ocorre na faixa dos 45 aos 55 anos.
A menopausa é clinicamente definida como a última menstruação, confirmada ao fim de 12 meses consecutivos sem período menstrual. Consequentemente, esse fenómeno também representa o fim da fertilidade da mulher.
A menopausa não é uma doença: faz parte do ciclo de fertilidade natural da mulher. Ou seja, todas as mulheres vão passar pela menopausa em algum momento das suas vidas.
A menopausa está ligada ao envelhecimento natural dos ovários, que deixam de ser capazes de produzir as hormonas femininas. Os sintomas incómodos da menopausa resultam, fundamentalmente, da carência de estrogénios.
Em média, a mulher portuguesa entra na menopausa entre os 51 e os 52 anos, uma idade similar à tendência mundial.

A coleção de leques é composta por três frases, disponíveis em várias cores.”Abana que Passa!”, “Mulher encalorada”e “Sem prazos de validade” são as afirmações desempoeiradas do Verão de 2023. Leques que refrescam e mudam mentalidades, para mulheres e homens que celebram a vida!
Fases da menopausa
A menopausa é visto como um processo de três fases:
- A perimenopausa refere-se aos 8-10 anos anteriores à menopausa, quando os ovários começam a produzir cada vez menos estrogénio.
- A menopausa refere-se à altura em que os períodos menstruais pararam há pelo menos um ano.
- A pós-menopausa é a fase da vida depois de não se ter tido uma menstruação durante 12 meses ou mais.
A menopausa é uma experiência muito pessoal. Enquanto algumas mulheres apresentam sintomas leves, outras experimentam efeitos desagradáveis e persistentes, tanto física quanto psicologicamente. Saber o que esperar durante a transição para a menopausa ajudá-la-á a compreender e gerir as mudanças naturais do seu corpo.
A transição da menopausa começa com a perimenopausa, a fase em que a menstruação se torna irregular e os sintomas podem surgir.
Principais sintomas:
- Afrontamentos e suores noturnos
- Mau humor
- Cansaço ou fadiga
- Irritabilidade
- Dificuldade de concentração
- Enxaqueca ou dores de cabeça
- Distúrbios do sono
- Aumento de peso
- Perda de interesse sexual
- Períodos irregulares (eventualmente, parando, por completo)
- Desconforto vaginal
- Ansiedade
- Depressão
- Incontinência urinária ou infeções urinárias recorrentes (ITU)
- Dor nas articulações e músculos doloridos
- Inchaço
- Esquecimento
- Mastalgia
“Nós estamos a assistir a uma mudança no paradigma do que é entrar na menopausa e do que é uma mulher na menopausa”, explica a psicóloca Marta Calado, da Clínica da Mente. “As mulheres estão a engravidar e a iniciar a vida familiar cada vez mais tarde. E com esta idade são cada vez mais mulheres com um aspeto saudável, com beleza, bem sucedidas de diferentes formas e bem resolvidas.”
Existe muita desinformação relativamente à fase da menopausa, portanto, é crucial procurar informação fidedigna, partilhar a sua experiência com outras mulheres e procurar apoio médico especializado, caso seja necessário.
A menopausa é estereotipada como o fim de uma era – e a entrada na invisibilidade. Estes estigmas devem ser combatidos. A menopausa não é o fim, mas sim uma mudança para uma nova fase repleta de vida, experiências e sonhos.



Esta coleção foi concebida com leques de madeira e tecido, tendo sido cada um deles pintado à mão pela artesã Cristina Brazeta.
Cada pessoa que comprar e usar estes leques torna-se embaixador da causa Cabelos Brancos “A vida sem prazos de validade”.
Todos os lucros desta coleção irão ser aplicados pela Cabelos Brancos – associação, na promoção de ações de sensibilização e educação sobre o idadismo, em diversos contextos, com diferentes públicos.
Uma coleção com impacto social na mudança transformadora de uma sociedade mais equitativa e inclusiva.
Podem encontrar todas as peças na nossa loja online e a partir daqui efetuarem as vossas encomendas.
Agradecimentos especiais:
Esta coleção e campanha contou com a colaboração e apoio de Cristina Brazeta, artesã responsável pela pintura manual dos leques e de Sara Inglês, fotógrafa da sessão promocional.
Participantes da campanha fotográfica:
Ana Caçapo, 46 anos
Cátia Lobato, 48 anos
Celeste Marques, 77 anos
Ivone Lobato, 74 anos
Luísa Pinheiro, 45 anos
Fotos © Todos os direitos reservados – Associação Cabelos Brancos