A espuma dos dias
Tenho a noção que com o acumular dos anos e que me vinculam a um estatuto definido de pertencer à casta da “Terceira Idade”, mais se somarão em mim, os sonhos de bem viver (sem ser “bon vivant”) mas transformados num conhecer contínuo do mundo, das suas gentes. Amo sonhar e sinto escrevendo. Aqui deixo um pouquito de mim neste desabafo que a seguir transcrevo:
Acordo tantas vezes
no meu dia a dia para descobrir
os quadros que de noite sinto dormindo.
E são telas coloridas de jardins
com bancos e mesas de quatro.
Estamos todos sentados
num dedilhar de cartas sem trunfos
do mesmo baralho da vida já gasto.
Mas pelos dedos longos mas não direitos
as cartas caiem na mesa
improvisada de sonhos
onde todos querem ganhar
nem que seja só por um.
Por um dia de vida que não chova
naquele jardim onde ainda corre
um rio de água para lavar as mãos
duma tarde lenta a deitar cartas
que não têm destino.
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Não são como as outras que levavam saudades
que contavam alegrias ou queixumes
escritas num jardim em tantas tardes.
José Caçapo
Poeta